Se Felipão sai, a história fica
O papel da imprensa não pode ser resumido apenas a “castigar” os profissionais do esporte com suas severas críticas, como muitos costumam pensar.
A saída do técnico Luiz Felipe Scolari do Palmeiras, pela terceira vez, representa não apenas a dispensa de um profissional que já estava desgastado no comando palmeirense, e sim, mais um rastro significativo de história que ainda permanece no clube da Rua Turiassú.
Em suas duas últimas passagens pelo Verdão, Felipão conquistou títulos relevantes para a história do Palmeiras, entre eles as copas do Brasil (1998 e 2012), Mercosul (1998) e a Libertadores da América (1999).
Embora tenha obtido o caneco do Campeonato Brasileiro de 2018, sua imagem ainda continuava ligada ao pior vexame da história da Seleção da CBF, quando foi derrotada em 2014 para a Alemanha pelo até hoje sonoro placar de 7 a 1 (que se transformou em uma expressão muito usada quando alguma situação negativa atinge a sociedade brasileira).
Mesmo com essa acachapante derrota para os alemães na Copa do Mundo realizada no Brasil há cinco anos, e com mais alguns recentes fiascos, como a desclassificação do time verde e branco para o Grêmio pela Libertadores deste ano, e os 3 a 0 levados pelo Flamengo, no Maracanã, no último dia 1º de setembro pelo Brasileirão, a história do pentacampeão mundial permanecerá viva, quer muitos queiram ou não.
É que a imprensa esportiva (mais sensata, e não apenas do contra, ou a do “amendoim” – entendedores entenderão) não apenas tem o duro trabalho de apurar os fatos atuais, como o desgaste que o técnico estava sofrendo nesses últimos dias de Palmeiras.
Esses profissionais da comunicação os quais me refiro também sabem que existe toda uma trajetória por trás de Felipão, que iniciou sua carreira à beira do campo dirigindo o CSA de Alagoas, e teve seus apogeus nas campanhas vitoriosas do Grêmio, Criciúma e Palmeiras nos anos 1990 e início dos anos 2000, e mais recentemente, no Guangzhou Evergrande entre 2015 e 2017.
O papel da imprensa não pode ser resumido apenas a “castigar” os profissionais do esporte com suas severas críticas, como muitos costumam pensar. Mesmo que haja alguns personagens da mídia esportiva que defendam apenas o lado negativo de um fato, a verdade é que o bom senso, o respeito e a ética devem estar à frente em todos os momentos.
Se Luiz Felipe Scolari defende figuras como Augusto Pinochet – responsável por aplicar o Golpe Militar no Chile em 1973, que resultou na morte de milhares de militantes contra o governo ditatorial –, como fez em declaração no ano de 1998, ou possui ideias particulares sobre determinados assuntos que não sejam somente o futebol, não vem ao caso.
Questões como essa sequer devem ser levadas em conta quando o assunto é apenas discutir seu desempenho como técnico. Um assunto como esse até pode caber em uma matéria distinta, desde que haja uma abordagem diferente daquela que está servindo como pauta do momento.
A análise da imprensa, seja para qualquer que seja o personagem abordado, deve conter acima de tudo bom senso e respeito à história de quem está sendo o protagonista do instante.
Por Leandro Massoni