Breve relato tardio de uma ida ao Figueira
Atualmente vivendo uma das suas piores fases em sua história, clube catarinense se agarra nos últimos fios de esperança à espera de não desaparecer do futebol nacional.
Vivendo o maior inferno astral em sua trajetória de 98 anos, o Figueirense Futebol Clube está em frangalhos.
Com vários meses de salários atrasados à elenco, comissão técnica e departamento de futebol, fora os demais funcionários do clube, confirmação de W.O. em jogo pela Série B do Brasileiro e contrato rompido com a empresa que geria o time, o Figueira só consegue ser notícia quando suas dívidas estão beirando a casa dos 120 milhões ou quando o técnico do Manchester City, o espanho Pep Guardiola, cita o caso do clube em uma entrevista, quando falava da gravidade econômica que atinge milhares de equipes do mundo.
Se hoje o Gigante do Estreito não assusta tanto, ainda mais depois que passou a ir e vir com frequência à lanterna do segundo escalão do futebol brasileiro, a situação do clube há dois anos talvez fosse menos pior.
Em 2017, durante minha estada no Estado de Santa Catarina junto de minha namorada – e hoje noiva – tive a oportunidade com ela de conhecer, justo no primeiro dia, um pouco das instalações do Estádio Orlando Scarpelli, casa do alvinegro. Dias depois, fomos até a famosa Praça XV de Novembro, no Centro de Florianópolis, e demos três voltas entorno da Figueira Centenária, mas isso é uma outra história.
Dentro das dependências do clube catarinense, chegamos a conferir sua pomposa sala de troféus. Cada um daqueles prêmios tinha sua história e o suor e dedicação dos que os obtiveram.
Naquele momento, presenciei os anos dourados do Figueira, marcados pelas conquistas dos 18 campeonatos catarinenses e dos tradicionais e já extintos torneios início e citadino de Florianópolis. Também havia o troféu do Torneio Mercosul de 1995, conquistado de forma invicta pelo time sulista, que tanto deu trabalho para as fortes e favoritíssimas agremiações vizinhas do Paraná e do Rio Grande do Sul e demais oponentes de Série A do Brasileiro, e que no momento atravessa um colapso financeiro e estrutural.
Tanto que chegou a pedir nesses últimos dias, através de dirigentes, a desistência da equipe de futebol profissional na Série B, fato que rapidamente foi negado pela alta cúpula.
Naquele 2017, estando de volta à B nacional após terminar em 18° na primeira divisão, o Figueirense que tinha a missão de voltar para a Série A, pelo menos ficando entre os quatro primeiros do torneio, acabou sucumbindo e terminou na 12° posição. No ano seguinte, com a mesma esperança da torcida e diretoria, o clube fez um campeonato aquém do esperando, ficando em 15° lugar.
Terça-feira, 24 de setembro de 2019, mesmo com o apoio e festa delirante de sua torcida, o lanterna alvinegro da segunda divisão do campeonato brasileiro bem que tentou mostrar alguma reação, mas não deu.
Deixando evidente que seu elenco estava deficiente de força e desacreditado no futuro da equipe, o Figueirense foi massacrado pelo líder e também alvinegro Bragantino pelo placar de 3 a 0.
E se o Massa Bruta caminha a passos cada vez mais largos para estabelecer de vez a parceria com a marca de energéticos Red Bull e se tornar, no ano que vem, e de preferência na primeira do Brasileiro, mais um clube-empresa, o mesmo não se pode dizer do Figueira, que não possui mais o aval financeiro de um grupo empresarial, e tão pouco demonstra gás para continuar na disputa de um torneio que já está praticamente perdido.
Texto e fotos: Leandro Massoni