A adaptação do jornalismo em tempos de Coronavírus
O Coronavírus está entre nós, por enquanto. Uma realidade que passamos a observar de nossas casas, através boletins diários de notícias referentes a essa pandemia que tem se alastrado em diversas partes do mundo e causado a morte de milhares de pessoas contraídas pelo novo agente descoberto no final do ano passado, após casos registrados na China.
Para melhor se adaptar a essa nova situação imposta pela doença, temos convivido com a adaptação. Seja realizando trabalho de modo remoto (o famoso Home Office) ou aproveitando mais o tempo livre para ficar ao lado da família ou de quem necessita de nossa ajuda, o fato é que agora estamos tendo mais tempo livre para fazer outras atividades que a rotina não nos permitia tanto, inclusive consumir conteúdo.
Em partes, esse período veio bem a calhar justamente para nos abastecermos de informações e adquirir conhecimento de outras formas, como através de cursos online, webinários educativos, YouTube e em demais plataformas digitais, sem falar nos diversos sites de pesquisas sobre variados assuntos que ajudam a costurar inúmeras histórias.
Contudo, o que tem chamado a minha atenção nesses últimos dias é o que vem acontecendo na programação das principais emissoras do país com as constantes mudanças de atrações tanto no entretenimento quanto no setor de jornalismo.
No esporte, por exemplo, é numerosa a quantidade de programas, quadros e até jogos antigos, de décadas passadas, que estão sendo retransmitidos por canais abertos e fechados, como forma de trazer distração aos mais eloquentes fãs de esportes e, ao mesmo tempo, tapar a grade que até uns meses, antes de ser interrompida pelo surto da doença respiratória, era ocupada por atrações inéditas e ao vivo.
Ao assistir desde um São Paulo versus Athletico Paranaense, pelo jogo de volta da final da Copa Libertadores da América de 2005, até a estreia da Seleção Brasileira contra a antiga União Soviética, pela Copa do Mundo em 1982, na Espanha, a sensação que dá é que estamos sendo teletransportados para alguns dos momentos mais notáveis vividos pelo esporte brasileiro.
Além desse revival que tem sido prazerosamente nostálgico para muitos, o jornalismo de agora também tem se mostrado adaptável para trazer novos conteúdo para seus públicos.
No último domingo à noite, enquanto ouvia o “Fim do Expediente” da rádio CBN, que estava entrevistando o ex-jogador e hoje dirigente do São Paulo Raí, um dos apresentadores, o ator Dan Stulbach, que estava longe do estúdio onde costuma ser feito o programa, afirmou aos ouvintes que estava se comunicando por meio de um aplicativo. Prova essa de que, para levar um conteúdo original e atrativo, vale o uso da tecnologia para tentar driblar qualquer adversidade, até mesmo um vírus.
E assim como Raí dissera durante o dominical noturno, aproveitaria o gancho do antigo meio-campista para reforçar que não apenas o futebol como também o esporte, o jornalismo e seus profissionais sempre terão um papel importante no âmbito social, econômico e político. Pois de uma certa forma, eles já estão sentindo os impactos causados pela pandemia, mas reagindo à altura e sem sombras de abatimento.
E enquanto o Coronavírus não se dissipa por completo, vamos continuar brindando essa oportunidade de ver o novo concedendo o lugar às antigas, porém respeitada e saudosas transmissões que nos trazem de volta alguns dos recortes memoráveis da nossa própria história.
Por Leandro Massoni
Publicado originalmente no Portal Imprensa